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sexta-feira, 10 de maio de 2024

MEIO DE CULTURA PARA DERMATÓFITOS - FÓRMULA TAPLIN

Todos os fungos apresentados neste blog estão semeados e incubados em placas com meio de Sabouraud suplementado com cloranfenicol e gentamicina - fornecido pela Biomérieux sob a designação de SGC2.
Esta uniformização de meio e de fornecedor é propositada, já que pequenas alterações de composição do meio tanto químicas como físicas (pH) podem alterar o aspeto macroscópico das culturas e a velocidade de crescimento das colónias. 
Praticamente todos os livros e meios de consulta de imagem em micologia médica vão alterando os meios de cultura sem nenhuma lógica aparente nem explicação. Este facto faz com que quando o micologista precisa de ajuda (comparar o seu fungo ao que está no livro) se depara com a necessidade de ter inúmeros meios de cultura diferentes o que na prática do quotidiano é impossível para qualquer empresa que faça gestão de custos.

Resolvi testar o meio DERM com algumas estirpes de dermatófitos no sentido de poder avaliar a eficácia do meio e poder expor a minha opinião, mas desde já adianto que vou continuar a utilizar o SGC2 em exclusividade. Apresento também imagens das culturas obtidas para que possam também ter a vossa própria opinião.

No caso da Biomérieux temos disponíveis dois tipos de meios para fungos: agar SGC2 e agar DERM.

A Biomérieux não recomenda o SGC2 agar para a deteção de dermatófitos, afirma apenas que podem ser utilizados todos os tipos de espécimes, exceto pele e faneros (cabelo, unhas).

O meio da Biomérieux ágar DERM é produzido de acordo com a fórmula de Taplin e é recomendado apenas para a pesquisa de dermatófitos em pele, cabelos e unhas. Este meio além de gentamicina incorpora também cicloheximida bem com peptonas, indicador vermelho de fenol, dextrose e agar.

De acordo com Taplin et al., 2/3 dos dermatófitos mudam a cor do meio, uma vez havendo crescimento, em aproximadamente três dias, mas as colónias podem aparecer mais tarde. Não deitar fora as culturas a 25ºC antes de três semanas. Certas espécies de Candida ou Aspergillus, e certas bactérias, podem crescer no meio e causar uma mudança de cor de amarelo para vermelho. Os dermatófitos produzem metabolitos alcalinos que aumentam o pH do meio e alteram o indicador vermelho de fenol de amarelo para vermelho. A cicloheximida e a gentamicina inibem o crescimento de algumas bactérias, leveduras saprófitas e bolores.

Quando um dermatófito cresce num meio de cultura que contém glucose, não fermenta a glucose, mas utiliza em vez disso os peptídeos e outros ingredientes nitrogenados como fontes de energia, com a consequente produção de subprodutos alcalinos.

 Os sub-produtos provocam aumento do pH que é evidenciado por uma alteração da cor do indicador, a cor amarela original passa para vermelho. Assim, para que um fungo não patogénico desse uma cor “falso-positiva” (vermelha) teria de ser resistente à cicloheximida e não fermentar glucose; e para uma bactéria dar uma cor “falso-positiva” teria de ser resistente à gentamicina e também não fermentar glucose. O cumprimento de ambas as condições é improvável.