blog sobre micologia médica

Patologia Clínica CHUC Coimbra Portugal

Fusarium dimerum keratitis

Artigo publicado: Fusarium dimerum - um caso de queratite.
Artigo publicado: Rinosinusite induzida por Schizophyllum radiatum

Artigo publicado: Chronic invasive rhinosinusitis by Conidiobolus coronatus, an emerging microorganism

Artigo publicado: Antifungals: From Pharmacokinetics to Clinical Practice

sábado, 22 de outubro de 2011

ASPERGILLUS NIDULANS

O Aspergillus nidulans é um fungo oportunista raramente isolado em patologia humana. É responsável por infecções pulmonares, oftalmológicas, sinusites, ostiomielites bem como por infecções disseminadas. Associa-se muitas vezes à doença granulomatosa crónica, doença de natureza genética que se acompanha de deficit imunitário e consequentes infecções bacterianas e fungicas (pneumonia, artrite, osteomielite e bcessos dos tecidos moles).

As colónias são de crescimento rápido de cor verde-escuro e reverso purpura-escuro. Podem apresentar no centro pequenas áreas acastanhadas e elevadas.

O exame microscópico revela conidióforos curtos de cor castanho-escuro, vesículas sub-globosas cobertas na metade superior por células conidiógenas bi-seriadas. É possível, quase sempre, observar numa fase tardia a presença de Hulle cels e, menos frequentemente, cleistotequia. O conidióforo pode revelar uma "foot cell" bem individualizada. A ausência de conidióforos de tamanho reduzido misturados com outros de tamanho normal ajuda a diferenciá-lo do Aspergillus versicolor

Algumas horas após cultura de um esporo, em placa, aparecem hifas aéreas especializadas (conidióforos). Estas hifas desenvolvem um bolbo terminal (vesícula) que ficará coberta de protuberâncias (sterigmata) que por sua vezes dão origem a esporos assexuais (conidea) que serão libertados após formação de cadeias.
Os esporos sexuados (ascosporos) serão formados alguns dias mais tarde no interior de corpos esféricos (cleistotéquia). 

Cleistotéquia é uma estrutura esférica fechada que contêm os asci (ou asco) que por sua vez encerram os ascosporos. É formado durante a fase de reprodução sexuada. As cleistotéquias primeiro são moles (cor de rosa) mas tornam-se rígidas (vermelhas escuras), desde o início estão rodeadas de células com aspecto vitreo (células de Hulle)

Células de Hulle são células multinucleadas especializadas com origem em estruturas  resultantes da agregação das hifas durante o desenvolvimento sexual e servem como "ninho" para o aparecimento das cleitotéquias.
As células de Hulle aparecem numa fase tardia do desenvolvimento de algumas espécies de Aspergillus: A. niveus, A. tetrazonus, A. granolosus e A. nidulans. A formação de células de Hülle é mais intensa quando a incubação ocorre em ambiente sem luz. As células de Hülle variam em forma, umas mais alongadas, como no Aspergillus ustus, outras mais globosas, como no Aspergillus nidulans. 


Colónias de crescimento rápido, planas e verdes ou cinza (por vezes amarelo-ouro).
Colónia com 3 dias de incubação.

O reverso da colónia irá, à medida que os ascos se formam, tornar-se vermelho-acastanhado.


Colónia com 18 dias de incubação.


Vesícula: células conidiógenas  com disposição colunar.
Vesiculas hemi-esféricas.
Células conidiogenas bi-seriadas.
Haste do conidióforo é acastanhada e tem a  parede lisa.




Células de Hulle esféricas de parede grossa.

Células de Hulle.


Reverso da colónia vermelho-acastanhado.


OUTRA CULTURA

 Cultura com cerca de 1 semana

A mesma cultura 5 dias depois. Os tons cinza transformaram-se em cor verde com reflexos dourados.


Reverso da colónia


Corado pelo azul de lactofenol: observam-se as hastes dos conidióforos com a cor castanha típica desta espécie.

As células conidiogenas dispostas em colunas mal definidas.



Células de Hulle. Estas células podem aparecer em colónias mais antigas (15 dias).


As células de Hulle podem ser muito numerosas. O exame microscopico deve ser feito colhendo um fragmento de colónia   nume região central com textura mais grosseira.


Célula de Hulle isolada.


3 Cleistotéquias, células de Hulle  e conidióforo

Cleistotéquia com visualização dos ascos no interior.




OUTRA ESTIRPE











TRICHOPHYTON VIOLACEUM

O Trichophyton violaceum é um fungo filamentoso septado hialino. Fisiopatologicamente é classificado como dermatófito. É um fungo antropofílico de distribuição mundial. 

É responsável por lesões, inflamatórias ou não, sobretudo dos cabelos e couro cabeludo e ainda da pele e unhas. É responsável pela tinha do couro cabeludo tipo "black-dot", a invasão dos cabelos é do tipo endotrix. 

As colónias são de crescimento lento (14 a 21 dias). As colónias são pequenas com eixo vertical relativamente acentuado, a cor é branca ou violeta, posteriores repicagens podem originar colónias com a cor purpura não tão acentuada (pleomorfismo frequente).

O exame microscópico revela ausência típica de microconideos e de macroconideos. As  colónias velhas poderão evidenciar clamidosporos. As hifas são largas, emaranhadas e muito ramificadas.

Fungo dermatófito de crescimento lento dando origem a colónias pequenas com eixo vertical relativamente acentuado de cor  branca ou violeta.


As culturas tornam-se frequentemente pleomórficas apresentando-se as colónias com sectores brancos justapostos a sectores com côr violeta. Ocorrem também colónias completamente brancas.


Reverso das colónias.





Colónia com 14 dias de incubação deixando já antever pleomorfismo.


Microscopia com ausência típica de microconideos e de macroconideos.
Em colónias velhas poderá haver presença de clamidosporos.
As hifas são largas e tortuosas.

OUTRA ESTIRPE

Colónia com 20 dias de incubação.


Reverso da colónia.