CONSIDERAÇÕES SOBRE A TAXONOMIA
Nas últimas duas décadas as infecções
fúngicas têm vindo a aumentar. Este
aumento verifica-se sobretudo nas infecções fúngicas clinicamente mais graves ou
nas infecções que ocorrem em doentes mais debilitados já que para as
dermatofitoses e infecções muco-cutaneas os cuidados de saúde disponíveis bem
como o arsenal terapêutico conseguem prevenir e/ou resolver o problema.
Em simultâneo, a existência de
infecções fúngicas por fungos emergentes tem colocado novos desafios ao
laboratório de micologia.
A identificação dos fungos pela
metodologia tradicional, morfologia macro e microscópica, é, cada vez mais,
insuficiente. É necessária uma identificação do género e da espécie do fungo
para que haja um correcto uso do arsenal anti-fungico.
As técnicas de biologia
molecular, durante estas ultimas duas décadas, têm vindo a passar da área dos
laboratórios de investigação para a área dos laboratórios hospitalares graças à
redução da complexidade técnica, à simplificação dos equipamentos e também
graças à diminuição dos custos da sua execução.
Hoje em dia a sequenciação dos
ácidos nucleicos permite uma correcta identificação da espécie e em breve
provavelmente estará disponível na prática diária da maioria dos laboratórios
dando resultados em tempo útil.
A quantidade de nova informação
disponibilizada pela biologia molecular obrigou a comunidade cientifica a rever
a classificação taxonómica de muitos fungos e permitiu esclarecer e justificar
alguns comportamentos atípicos de determinadas espécies.
Na tabela que se segue
pretende-se evidenciar as alterações mais importantes, sendo certo que o
conhecimento dos novos nomes tornará mais fácil a consulta bibliográfica sobre
os diferentes microorganismos.
original
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tradicional
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actual
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Hendersonula toruloidea
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Scytalidium hyalinum
Scytalidium dimidiatum
Nattrassia mangiferae
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Neoscytalidium dimidiatum
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Trichosporon capitatum
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Geotrichum capitatum
Blastoschizomyces capitatus
Saprochaete
capitata
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Magnusiomyces
capitatus
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Allescheria boydii
Pseudallescheria boydii
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Scedosporium boydii
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Os 2 só se distinguem a nivel molecular
Scedosporium
boydii
Scedosporium apiospermum
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Candida krusei
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Pichia kudriavzevii
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Candida guilliermondii
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Meyerozyma guilliermondii
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Candida lusitaniae
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Clavispora lusitaniae
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Candida pseudotropicalis
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Candida kefyr
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Kluyveromyces marxianus
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Candida pelliculosa
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Wickerhamomyces anomalus
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C. glabrata
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Nakaseomyces glabratus
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C. parapsilosis
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C. parapsilosis sp complex
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Candida lipolytica
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Yarrowia lipolytica
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Candida famata
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Debaryomyces hansenii
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Candida norvegensis
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Pichia norvegensis
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Dreschslera
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Não existe, passaram para Bipolaris ou Exserohilum
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Ochroconis gallopava
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Verruconis gallopava
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Scedosporium prolificans
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Lomentospora prolificans
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Paecilomyces lilacinus
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Purpureocillium lilacinum
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Penicillium marneffei
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Talaromyces marneffei
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Sporothrix schenckii
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Sporothrix schenckii sp complex
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Galactomyces candidus
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Geotrichum candidum
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Trichophyton terrestre
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Arthroderma insingulare
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Trichophyton ajelloi
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Arthroderma uncinatum
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Microsporum fulvum
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Nannizzia fulva
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Microsporum gypseum
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Nannizzia gypsea
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Microsporum nanum
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Nannizzia nana
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Microsporum persicolor
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Nannizzia persicolor
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Microsporum gallinae
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Lophophyton gallinae
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Hendersonula toruloidea Scytalidium dimidiatum
Scytalidium hyalinum
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Neoscytalidium dimidiatum
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Absidia corymbifera
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Lichtheimia corymbifera
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Rhizopus oryzae
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Rhizopus arrhizus
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