blog sobre micologia médica

Patologia Clínica CHUC Coimbra Portugal

Fusarium dimerum keratitis

Artigo publicado: Fusarium dimerum - um caso de queratite.
Artigo publicado: Rinosinusite induzida por Schizophyllum radiatum

Artigo publicado: Chronic invasive rhinosinusitis by Conidiobolus coronatus, an emerging microorganism

Artigo publicado: Antifungals: From Pharmacokinetics to Clinical Practice

quarta-feira, 18 de junho de 2014

MAGNUSIOMYCES CAPITATUS

Magnusiomyces capitatus é o nome porque é designado o fungo filamentoso anteriormente conhecido por Geotrichum capitatum ou Trichosporon capitatum ou Blastoschisomyces capitatus ou Saprochaeta capitata.

Antigamente era considerado levedura (fungo unicelular) não-fermentadora e não-capsulada, actualmente engloba-se nos fungos filamentosos septados hialinos. É um saprófita do solo, madeiras e restos de materiais orgânicos, faz parte, também, da microbiota normal da pele humana.

O M. capitatus é muitas vezes isolada em secreções respiratórias superiores e em material do tracto gastro-intestinal de pessoas saudáveis.

A sua patogenicidade inclui raros casos de fungémia fatal (organismo patogénico emergente) em neutropénicos, sobretudo do Sul da Europa. A taxa de mortalidade é de 57%. É frequente o envolvimento de múltiplos órgãos. É, ainda, associada a endocardite de protese valvular, pneumonia e meningite. 

A maioria das infecções é detectada por hemocultura. Estudos preliminares revelam a possibilidade de provocar a positividade nos testes de pesquisa de galactomannan e beta-glucan.

O M. capitatus é intrinsecamente resistente às equinocandinas. É sensível ao itraconazol, ao voriconazol,  ao posaconazol e à flucitosina. É normalmente resistente ao fluconazol e os mic da amfotericina são de 0.5 a 2.0.
Recentemente foi proposto um esquema terapêutico com anfotericina B lipossomica com ou sem flucitosina.
A remoção precoce dos cateteres é um factor decisivo no sucesso terapêutico.


As colónias são brancas e a microscopia revela artroconideos, blastoconideos e pseudo-hifas.

Gram de secreções respiratórias de um grande queimado.






Primo-cultura em gelose sangue de secreções da árvore respiratória, 72 horas de incubação. Flora típica da oro-faringe com grande nº de colónia de S. capitata (as colónias maiores)
Colónias com 3 dias de incubação em gelose Sabouraud.


Exame microscópico da colónia.



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aspectos microscópicos de outra estirpe





sexta-feira, 13 de junho de 2014

MUCOR 2

Mucor

 O Mucor é um dos géneros de fungos que constituem a Ordem dos mucorales. Os mucorales são fungos filamentosos não septados (ou esparsamente septados) que estão amplamente distribuídos na natureza como saprófitas do solo, ar e alimentos. Os outros géneros de mucorales são: Absidia (Lichtheimia), Apophysomyces, Cokeromyces, Cunninghamella, Mortierella, Rhizomucor, Rhizopus, Saksenaea e Syncephalastrum.

Os mucorales são responsáveis, em indivíduos predispostos, por infeções rinocerebrais, pulmonares, gastrointestinais e cutâneas.

Não há evidência que a correcta identificação de género e espécie conduza a uma terapêutica mais adequada. A identificação é importante para epidemiologia e é sempre preferível ser feita com base molecular, a identificação fenotípica é muito difícil.

A maioria das espécies de Mucor são incapazes de infectar humanos devido à incapacidade de se desenvolverem em ambientes com temperaturas próximas de 37 °C. Espécies termotolerantes (Mucor indicus, M circinelloides, M hiemalis,  M. velutinosus) causam por vezes infecções oportunistas, necrotizantes e de disseminação rápida, conhecidas como zigomicoses.

As colónias de Mucor têm crescimento rápido e a sua cor varia de branco a cinzento

A nível microscópico apresentam hifas não septadas (ou esparsamente septadas). Os esporangióforos de Mucor podem ser simples ou ramificados e formam esporângios globulares apicais suportados e elevados por uma columela. As espécies de Mucor diferenciam-se dos mucorales dos géneros Absidia, Rhizomucor, e Rhizopus pela forma e inserção da columela, pela presença ou ausência de apófise e por não terem rizóides. Algumas espécies de Mucor produzem clamidiósporos.

A ponta do esporangióforo incha formando um esporângio globoso que contém esporangiósporos haploides mononucleados. Uma extensão do esporangióforo chamada columela, penetra o esporângio. As paredes do esporângio são facilmente rompidas libertando os esporos, os quais prontamente germinam formando um novo micélio em substratos apropriados.

2º dia de incubação

2º dia de incubação

Reverso da colónia - 2º dia de incubação






7º dia de incubação

7º dia de incubação



Reverso da colónia - 7º dia de incubação



Esporangióforos com esporangios apicais, ausência de apófise.





Esporangios já libertaram os esporangiosporos, pode ver-se a columela.




Fase precoce do desenvolvimento do fungo, o exame microscópico nesta fase pode induzir em erro já que parece haver muitos septos.