blog sobre micologia médica

Patologia Clínica CHUC Coimbra Portugal

Fusarium dimerum keratitis

Artigo publicado: Fusarium dimerum - um caso de queratite.
Artigo publicado: Rinosinusite induzida por Schizophyllum radiatum

Artigo publicado: Chronic invasive rhinosinusitis by Conidiobolus coronatus, an emerging microorganism

Artigo publicado: Antifungals: From Pharmacokinetics to Clinical Practice

quarta-feira, 21 de maio de 2014

INFLUENCIA DO RITMO CIRCADIANO NA MACROSCOPIA DAS COLONIAS DE FUNGOS


É frequente observarmos, a olho nu, anéis concêntricos em colónias de fungos filamentosos. Este achado pode dificultar a correcta identificação do fungo.
Uma das explicações para este achado deve-se ao facto de as culturas terem sido deixadas a incubar à temperatura ambiente sobre a bancada. Nestas condições de luminosidade e temperatura o fungo está sujeito ao ritmo circadiano.

Ritmo circadiano ou ciclo circadiano (do latim circa cerca de + diem dia) designa o período de aproximadamente 24 horas sobre o qual se baseia o ciclo biológico de quase todos os seres vivos , sendo influenciado principalmente pela variação de luz e temperatura entre o dia e a noite.


Pretende-se mostrar os efeitos do ritmo circadiano no desenvolvimento de uma colónia de fungo filamentoso hialino (no caso um Aspergillus).
Ao mesmo tempo dá-se explicação para os anéis concêntricos que muitas vezes encontramos em culturas e para os quais nem sempre se encontra referências teóricas.
A exposição à luz estimula a produção de conideos (com cor) enquanto que no escuro há sobretudo produção de hifas hialinas.

Foram inoculadas duas placas de Sabouraud com cloramfenicol e gentamicina com esporos de Aspergillus e incubadas a 30 graus  ao abrigo da luz durante 2 dias até que se obteve, em ambas, uma colónia com o tamanho de uma pequena moeda (ponto 0 nas imagens).

No 3º dia uma placa foi colocada na bancada junto a uma janela enquanto que a outra foi colocada nas imediações mas dentro de uma gaveta.

Duas culturas da mesma estirpe

À esquerda incubação sobre a bancada, à direita incubação ao abrigo da luz.
Anéis concêntricos na placa da esquerda, a cultura da direita é mais homogénia.

Cultura ao abrigo da luz. (nota-se uma segunda colónia na zona inferior esquerda que não deve ser considerada). Apenas o anel 0 é evidente.

Cultura sujeita ao ritmo circadiano. Anel 0 (inicial) e aneis 1,2,3 4 e 5.

Microscopia da estirpe, Aspergillus.

sexta-feira, 16 de maio de 2014

A IMPORTÂNCIA DA MICROSCOPIA NA IDENTIFICAÇÃO DOS DERMATÓFITOS

Para identificar correctamente um fungo filamentoso são necessários, no mínimo, tanto o exame macroscópicos da colónia como o exame microscópico da mesma.
No caso exposto a observação do reverso da colónia faz-nos imediatamente pensar em Trichophyton rubrum já que é visível um anel perfeito de pigmento vermelho.





Este anel existe porque o pigmento produzido pela colónia se difunde muito lentamente no meio de cultura e é muito típico, mas não exclusivo, das colónias de T. rubrum. Com o passar dos dias de incubação o anel acaba por desaparecer dando lugar a uma mancha uniforme de cor rubra.

Com a execução do exame microscópico rapidamente se corrige o erro já que durante a extração do fragmento de colónia nos apercebemos que a textura e consistência da superfície da colónia são diferentes das que é costume obter para o T. rubrum e evocam a hipótese de estarmos perante o Trichophytom mentagrophytes.







O exame microscópico confirma a identificação de T. mentagrophytes: hifas em espiral, microconideos esféricos.



Mais imagens (outra estirpe) características do T. mentagrophytes