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Patologia Clínica CHUC Coimbra Portugal

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quarta-feira, 9 de julho de 2025

TRYCHOPHYTON BENHAMIAE

 

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Mycopathologia (2025) 190:51

https://doi.org/10.1007/s11046-025-00959-1

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O primeiro caso de dermatofitose em humanos causada por esta espécie foi relatado  no Japão, em 2002. Desde então, foi isolada na pele, em cabelos e unhas.

Fisiopatologia do Trichophyton benhamiae:

    • Infecção: O T. benhamiae causa dermatofitose, uma infecção fúngica superficial que afeta a camada córnea da epiderme, cabelos e unhas. A entrada do fungo ocorre através de microlesões na pele ou por contato direto com esporos infectados.
    • Colonização e Reprodução: Após a infecção, o fungo se estabelece na camada córnea, onde começa a se reproduzir, produzindo hifas e esporos. Esses esporos podem ser transmitidos para outros locais do corpo ou para outros indivíduos, perpetuando a infecção.

 

É um dermatófito zoofílico e como tal é frequentemente isolado no couro cabeludo e áreas de pele expostas.  A lesão mais típica é a tinha faciei com lesão inflamatória e pruriginosa. Atinge em particular crianças que possuem porquinhos da India (Guinea pigs) como animais de estimação já que este animal constitui um reservatório habitual.

As lesões inflamatórias no couro cabeludo, tinea capitis, são de particular exuberância dando origem a kerion de Celsi.

A análise macroscópica da colónia permite distinguir dois grupos (fenotipos) consoante a cor: brancos e amarelos. É frequente a existência de pleomorfismo.

A análise microscópica do micélio revela microconideos piriformes/globosos, no fenotipo amarelo o meio de Sabouraud permite apenas uma numero limitado de micronideos já com PDA os microconideos são mais frequentes. Os microconideos são mais frequentes em Sabouraud no fenotipo branco

 

Características Laboratoriais:

  • Colônias em Meio de Cultura:
    • Aspecto: Colônias planas, finas, com superfície lisa ou levemente granulosa.
    • Crescimento: Moderadamente rápido, atingindo diâmetro de 3-5 cm em 7-10 dias em meio Sabouraud dextrose agar a 25°C.
    • Cor: Inicialmente brancas, tornando-se amareladas ou creme com o tempo, especialmente no reverso.
  • Microscopia:
    • Hifas: Hifas septadas, hialinas, de parede lisa.
    • Estruturas Reprodutivas:
      • Macroconídios: Fusiformes, multicelulares, com 3-6 células, frequentemente com uma célula terminal alongada. Dimensões: aproximadamente 40-100 x 8-12 µm.
      • Microconídios: Geralmente ausentes ou escassos em culturas.

Distribuição Geográfica:

  • Global: O T. benhamiae tem distribuição mundial, mas é mais frequentemente relatado em regiões com climas temperados e subtropicais.
  • Regiões de Alta Prevalência: Europa Ocidental, América do Norte, Austrália e partes da Ásia (especialmente no Japão e na Coreia do Sul).
  • Variação Sazonal: Pode haver um ligeiro aumento nos casos durante o outono e inverno devido ao maior contato entre humanos e animais de estimação em ambientes fechados.

 

Terapêutica:

  • Tratamento Tópico:
    • Antifúngicos de uso tópico: Clotrimazol, miconazol, terbinafina, ciclopirox olamina. Aplicar conforme prescrição médica, geralmente 2-3 vezes ao dia, por várias semanas.
  • Tratamento Sistêmico (para casos graves ou generalizados):
    • Terbinafina (oral): 250 mg/dia, por 2-4 semanas, dependendo da extensão e localização da infecção.
    • Itraconazol (oral): 100-200 mg/dia, por 2-4 semanas, com posologia ajustada conforme necessidade clínica.




Colónia com 10 dias de incubação a 25 graus C..




Colónia com 15 dias de incubação a 25 graus C..




Colónia com 11 dias de incubação a 25 graus C..

Colónia com 21 dias de incubação a 25 graus C..