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Patologia Clínica CHUC Coimbra Portugal

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sexta-feira, 30 de maio de 2025

CUNNINGHAMELLA BERTHOLLETIAE

 Quinze anos se passaram desde que foi isolada no laboratório a última Cunninghamella bertholletiae.

Este isolado ocorreu numa amostra de secreções bronco-pulmonares de um doente de 76 anos com: bronquiectasias. expetoração hemoptoica, cansaço e perda de peso; a imagiologia revelou bronquiectasias, formações cavitadas e áreas de fibrose e retração do parenquima. Pesquisa de micobaterias foi negativa.

Diagnóstico Precoce: É crucial para melhorar o prognóstico. A suspeita clínica deve ser rapidamente confirmada por exames microbiológicos (cultura, PCR) e histopatológicos

Fisiopatologia:

Cunninghamella bertholletiae é um fungo zigomiceto, saprófito comum em solo e matéria orgânica em decomposição.

Modo de Transmissão: A infecção ocorre principalmente por inalação de esporos, podendo também ser adquirida através de feridas na pele.

Patogénese: Após a entrada no organismo, o fungo pode causar uma resposta inflamatória intensa, especialmente em indivíduos imunocomprometidos. A doença pode se manifestar de forma pulmonar, cutânea ou disseminada, dependendo da porta de entrada e do estado imunológico do hospedeiro.

Fatores de Virulência: A capacidade do fungo de sobreviver e se multiplicar dentro de células fagocíticas, como macrófagos, é um fator crucial para a sua patogenicidade. Além disso, a produção de enzimas e toxinas pode contribuir para a destruição tecidual.

Apresentação Clínica:

Infeção Pulmonar: Sintomas iniciais: Febre, tosse, dor torácica, dispneia. Possível evolução para pneumonia, com infiltrados pulmonares visíveis em exames de imagem.

Infeção Cutânea: Lesões cutâneas primárias após trauma com contaminação do fungo. Possível disseminação hematogénica para outros órgãos a partir da lesão cutânea.

Infeção Disseminada: Acometimento de múltiplos órgãos, incluindo sistema nervoso central, rins, fígado, e coração. Frequente em pacientes imunocomprometidos, com quadro clínico grave e rápido progressão.

Prognóstico:

Geralmente Desfavorável: Especialmente em casos de infecção disseminada ou em pacientes com comprometimento imunológico severo.

Taxa de Mortalidade: Alta, variando de 50% a 90% em diferentes estudos, dependendo da população estudada e do atraso no diagnóstico e tratamento.

Fatores que Influenciam o Prognóstico:

  • Estado imunológico do paciente.
  • Extensão da doença (localizada vs. disseminada).
  • Tempo até o início do tratamento adequado

Terapêutica:

  • AmB Liposomal
  • Posaconazol ou Isavuconazol: Podem ser considerados em casos de intolerância à AmB ou como tratamento de manutenção após a estabilização com AmB.
  • Suporte Clínico
  • Reabilitação Imunológica

Observação macroscópica da colónia:

As colónias têm um crescimento muito rápido, preenchem toda a placa de petri, inicialmente brancas, mas tornam-se cinzentas escuras e pulverulentas com o desenvolvimento dos esporângios. Esporangióforos com até 20 μm de largura, rectos, com ramos verticilados ou solitários. Vesículas subglobosas a piriformes, as terminais com até 40 µm e as laterais com 10-30 µm de diâmetro. Os esporângios são globosos (7-11 µm de diâmetro), ou elipsoidais (9-13 x 6-10 μm), verrucosos ou curto-echinulados, hialinos isoladamente mas acastanhados em massa.

A observação microscópica do micélio revela:

As hifas largas não septadas ou com raros septos. Os esporangióforos são erectos e formam ramos laterais curtos, cada um dos quais termina numa vesícula inchada. A vesícula tem projeções na sua superfície. Os esporangiolos são redondos a ovais, com um só esporo, e formam-se nestas projeções. Os esporangiósporos são unicelulares, solitários e de forma globosa a ovoide. As paredes dos esporos têm frequentemente cristais em forma de agulha.



Colónia com 6 dias de incubação.


Reverso da colónia


Hifas largas não septadas ou com raros septos

Esporangióforos ramificados

Esporangiósporos soltos

Vesiculas com esporangiolos maduros



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